Ações Educativas e Integração Comunitária
O objetivo desta mesa é, a partir de duas experiências exitosas, criar um espaço de reflexão sobre práticas capazes de integrar os museus ao seus entornos, conectando memória e pertencimento.
Inicio: 19h (Horário de Cuiabá) 20h (Horário de Brasília)
Termino: 20h30m (Horário de Cuiabá) 21:30 (Horário de Brasília)
CONVIDADOS
Yara Matos
Yára Mattos é professora formada pelo Instituto de Educação, com prática em Escolas Municipais do Rio de Janeiro, nos anos de 1966 a 72.
Graduou-se em Museologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 1971(atual UNIRIO). Realizou Curso de Especialização em Arqueologia pela Associação Universitária Santa Úrsula, RJ, 1972.
Trabalhou junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional/ IPHAN/ Ministério da Cultura, de 1972 a 2002, onde exerceu cargo de direção técnica no Museu Nacional de Belas Artes, RJ, entre 1973-80. Foi coordenadora técnica na 6ª Coordenadoria Regional do IPHAN/RJ, de 1982 a 85, atuando em projetos de revitalização de museus regionais, entre eles, o Museu de Arqueologia de Itaipu, Niterói/RJ. De 1986 a 2002, exerceu a função de Chefe da Seção de Difusão do Acervo e Promoção Cultural do Museu da Inconfidência, Ouro Preto, MG.
Em julho de 2004 concluiu doutorado em Ciências Pedagógicas pelo Instituto Central de Ciências Pedagógicas/Ministério de Educação Superior, La Habana, Cuba e Universidade Federal de Ouro Preto,MG.
Membro do Conselho Internacional de Museus – ICOM/UNESCO, desde 1972, atuando, principalmente, no Comitê de Educação e Ação Cultural – CECA.
Membro da diretoria da Associação Brasileira de Ecomuseus e Museus Comunitários – ABREMC – GESTÃO 2006-2009 ; 2010-2012 e 2013-2016; 2020-2022.
Professora Adjunta do Departamento de Museologia/Universidade Federal de Ouro Preto, atua nas interfaces entre Museologia, Educação, Patrimônio e Processos Museológicos Comunitários.
Coordena os trabalhos relacionados ao Ecomuseu da Serra de Ouro Preto, junto às comunidades circunvizinhas ao antigo Arraial Minerador do Pascoal/ Ruínas Setecentistas do Morro da Queimada, OP.
Dentre as suas publicações destacam-se: Abracaldabra: uma aventura afetivo-cognitiva na relação museu-educação. Ouro Preto: EDUFOP, 2010. 168p. ISBN: 978-85-288-0077-7.
Cultura Brasileira: aspectos gerais e instituições. Ouro Preto: UFOP/CEAD, 2009. 93p. ISBN: 978-85-98601-34-2.
Sala Manoel da Costa Athaide – 1985-2000. Ouro Preto: Museu da Inconfidência, 2004. 124 p. CDU: 700.294.
Comunicação: O Ecomuseu da Serra de Ouro Preto: nos carretéis da memória
O Ecomuseu da Serra de Ouro Preto, Minas Gerais, buscando as ações que atualizam os paradigmas da educação museal interligada ao desenvolvimento social, vem procurando estabelecer diálogo com a dinâmica da territorialidade do acontecer histórico local, sua criação e recriação. Os museus, como espaços privilegiados de acolhimento, mediação, exploração e desenvolvimento de potencialidades, são ferramentas poderosas no sentido de contribuir para o equilíbrio de tensões que afetam, principalmente, jovens e crianças, por serem mais sensíveis e propensos às inúmeras influências e possibilidades de agressões externas. Esse público alvo é caracterizado sob o enfoque integral do desenvolvimento humano, entendido como a transformação gradual e contínua do indivíduo, expressada nos elementos biopsicossociais que contribuem para a formação da personalidade nas diferentes etapas da vida. Por conseguinte, nas ações a eles direcionadas, são utilizadas metodologias participativas visando à superação das tensões sociais e culturais. As diferentes modalidades de ações educativo-culturais, econômico-sociais e patrimoniais desenvolvidas nesse território, objetivam o estabelecimento de uma rede de relações “sustentáveis” entre os atores sociais do presente e todos os lugares significativos de memória. De acordo com o artista plástico Iberê Camargo, em seu livro Gaveta dos Guardados (2009), a “memória é a gaveta dos guardados (...) pertence ao passado. É um registro. Sempre que a evocamos, se faz presente, mas permanece intocável, como um sonho”. A partir então, de uma licença poética utilizada por essa autora, a presente narrativa procura estabelecer uma analogia ligada aos carretéis mencionados por Camargo: símbolo, signo, personagem – o carretel – brinquedo da infância do artista, nesse momento é deslocado e transformado em um instrumento impregnado de conteúdos que narram as diversas fases de implantação de um ecomuseu na Serra de Ouro Preto. Os carretéis se enrolam e desenrolam num movimento contínuo. Estamos em sinergia! Somos envolvidos pelas coisas, pelas paisagens, pelas pessoas, pelas memórias e histórias! Somos universais e ao mesmo tempo, únicos!
Palavras-chave: educação museal – ecomuseu – Serra de Ouro Preto – carretéis da memória
Cláudia Rose Ribeiro da Silva - Museu da Maré
Possui graduação em Licenciatura em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1991) e mestrado profissionalizante em Bens Culturais e Projetos Sociais pela Fundação Getúlio Vargas (2006). Tem experiência na área de História, com ênfase em História Política e Social, atuando principalmente nos seguintes temas: favela, memória e identidade. Atualmente, além de exercer o magistério na rede municipal de ensino, é diretora do Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré (CEASM), gestora da Casa de Cultura da Maré e coordenadora do Museu da Maré, no Rio de Janeiro.
Comunicação: Museu da Maré, museologia a partir da favela.
A favela da Maré está localizada entre a Avenida Brasil e a Linha Vermelha. Originalmente, antes dos grandes aterros executados no contexto do Projeto Rio – projeto realizado pelo poder público federal na década de 1980, durante a ditadura civil-militar -, a Maré era uma área de mangues, praias e areais, onde a maior parte da população vivia em barracos sustentados por palafitas, construídas sobre a Baía de Guanabara. Atualmente, a região tem cerca de 140 mil moradores, que vivem nas 16 comunidades constituídas ao longo de 70 anos, desde a década de 1940, quando os primeiros barracos foram surgindo, principalmente por conta do incentivo à migração nordestina por parte do governo federal – à época localizado no Rio, com sede no palácio do Catete, atual Museu da República. A intenção foi utilizar a mão de obra dos migrantes nas grandes obras que estavam sendo realizadas na então capital da república. Uma dessas obras foi a construção da Avenida Brasil (Variante Rio-Petrópolis), inaugurada em 1946. Os trabalhadores, sem ter onde morar, foram se instalando às margens da avenida e ocupando os terrenos na região da Maré, que pertenciam à União, eram terrenos de Marinha. Foi nessa região, com história tão rica, diversa e de luta, que surgiu o Museu da Maré, em 2006. O projeto do Educativo do Museu é uma das ações fundamentais da instituição. O Educativo promove a comunicação entre o Museu e a comunidade, por meio de visitas guiadas às exposições, rodas de leitura, contação de histórias, seminários, exposições itinerantes, palestras, oficinas etc. O projeto, em parceria com a FAPERJ (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro), realiza a formação de estudantes de ensino médio, que são moradores da Maré, para atuarem na monitoria das exposições temporárias e de longa duração. O grupo Maré de Histórias (os contadores de histórias da Maré), outra ação do Educativo, atua tanto na formação dos bolsistas da FAPERJ, quanto nas atividades de comunicação entre o Museu e a comunidade. O grupo desenvolve atividades lúdicas de contação de histórias, dentro do Museu e em diversos outros espaços e eventos. As principais histórias contatas pelo grupo estão no livro Contos e Lendas da Maré, que reúne as narrativas de vários casos fantásticos vividos pelos moradores. O porco com cara de gente, O ensopado de cobra e A figueira mal-assombrada são alguns desses casos, apresentados de forma lúdica e bem-humorada pelo grupo Maré de Histórias. O Educativo também está em permanente diálogo com as escolas do entorno e, durante o terrível contexto da pandemia de Covid-19, produziu o caderno pedagógico Maré de Histórias, material interativo, com fotos, textos, depoimentos, desenhos, desafios e jogos, para oferecer àqueles espaços o acesso aos acervos museográfico e arquivístico do Museu. O caderno foi preparado com muito carinho para que professores e estudantes se apropriem dos acervos e possam dialogar com os objetos, fotos e demais documentos em sala de aula, criando novas possibilidades de interação com a exposição e o arquivo do Museu, mesmo que de forma remota.
Palavras-chave: Favela, Maré, Museu, Projeto Educativo